- O curso de História e Antropologia teve seu início de forma incomum, com a proposta de um enigma: analisar a canção Can't Buy Me Love, dos Beatles. Sua letra evidencia uma clara crítica à sociedade de consumo, com uma valorização do romantismo, do amor que não poderia ser comprado. A banda se torna assim figura central de um aparente paradoxo, pois vende uma quantidade absurda de discos e produtos enquanto projeta, não só nas letras de seus primeiros sucessos mas também em sua imagem, um ideal de romantismo quase que cavalheiresco. O que devemos retirar de toda essa análise, no entanto? A compreensão de um período histórico em que a lógica capitalista começa a ser criticada, quando muitos artistas (músicos, principalmente) produzem um notável volume de criações dispostas a demonstrar que essa lógica do mercado não basta. O mundo não é regido pela lógica da mercadoria, apenas, e há aqui em nossa música estudada a introdução de uma outra lógica, a do presente. Importante notar que seu valor não é mensurado no aspecto financeiro, material, e sim em seu aspecto sentimental. Nas palavras do próprio professor Marcos Alvito, o mundo não existe sem essa lógica subjacente. Um exemplo? O fato de ainda termos filhos, ideia completamente fora de cogitação caso vivêssemos única e exclusivamente sob a lógica da mercadoria, uma vez que os mesmos representariam nada além do que um gasto a mais.
- Essa explicação inicial serviu para introduzir levemente o que ainda debateremos ao estudar Marcel Mauss, e também para demonstrar a importância de uma teoria para entender o mundo. Pedindo a ajuda do colega Felipe, que desenhou um penteado estilo "dreadlock" no quadro negro, o professor demonstrou então a simbologia do mesmo, estabelecendo uma conexão entre o uso do penteado e a luta contra os padrões, a reafirmação da identidade e do passado "negros". Para tal, foi utilizado o exemplo de Bob Marley e o movimento rastafari, tendo a belíssima Redemption Song sendo usada como um marco dessa lembrança e reafirmação identitária. O "dreadlock" (que já carrega o preconceito em seu nome, pois dread = terrível, horroroso) é tão símbolo quanto uma cruz, por exemplo, que traz em si, independente do quão mal desenhada seja, toda a carga de significados relacionados a sua ligação com o Cristianismo, o que representa dentro da religião. Tivemos desta forma a introdução de uma visão semiótica da cultura, com a interpretação e compreensão de alguns símbolos sociais, que estudaremos melhor em Geertz, durante o curso.
- Concluimos a aula então com a apresentação do funcionamento do curso, que será dividido em três unidades, além das questões preliminares acerca das relações entre História e Antropologia que lhe servirão de Introdução. A primeira unidade será dedicada ao estudo de "Um Ensaio sobre a Dádiva (Dom)", de Marcel Mauss, com um esforço na compreensão da aplicação da teoria, depois de seu entendimento. O trabalho desta unidade, que permanece uma surpresa, será obrigatório a todos os alunos, e tem como prazo de entrega o dia 4 de setembro. A segunda unidade será marcada pelo estudo de Clifford Geertz, com destaque ao conceito semiótico de cultura e às divergências interpretativas de Robert Darnton e Roger Chartier sobre o tema. Fechando o curso, a terceira unidade com a análise de Marshall Sahlins, e a possível fusão de História e Antropologia. Os trabalhos da unidades 2 e 3 não são obrigatórios, tendo o aluno a oportunidade de escolher qual dos dois irá fazer (óbvio que necessita escolher um dos dois). As datas de entrega são, respectivamente, os dias 2 de outubro e 6 de novembro.
- Convidamos os amigos a curtir nossa fan page no Facebook para não perder nenhuma atualização das atividades do grupo. Fiquem atentos pois em breve publicaremos também trabalhos de vídeo e áudio, sempre com os conteúdos do curso. Voltem sempre e até a próxima!
Douglas Coutinho - Cook Multimídia
Crédito das fotos: Juliana Nascimento
ResponderExcluirSe os deuses forem bons, depois virão os vídeos com trechos das aulas e um podcast com as gravações de áudio...
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